A PARTE BOA DO DIA Passei pelo portão das paredes brancas. Quarta-feira era o dia de ir almoçar. Não. Tenho de desenhar a foz. Quarta-feira era o dia de ir ver o filme de Zach Braff. Há uma certa decadência em ir ao cinema sozinho, não há? Não é uma decadência má, mas é o princípio do fim. É o que eu gosto de chamar um 'momento Lindor': a senhora ainda só agora é que tem netos mas já perde uma ou outra gotinha. Fui sozinho ver o filme de Zach Braff. Saio do comboio na estação de Contumil. Contumil é um daqueles sítios em que andar com um telemóvel é pedir para ser esfaqueado. Afinal não fui. E depois vou perguntar a alguém como é que se vai para o Parque Nascente. 'Salte aí esse muro, entre na via de acesso à VCI, e vá sempre em frente'. Bom. Já agora porque não 'atire-se para o meio dos carros e tente não ser atropelado'? Recorri, uns metros à frente, a uma senhora de idade. Devemos sempre recorrer a pessoas de idade para saber onde ficam as coisas. E a senhora de idade indicou-me um caminho seguro. 'Vá por ali, mas vá por aquele lado, que tem um passeio'. Eu agradeço e começo a andar. O pior é que as senhoras de idade nunca sabem quando é que devem parar de dar informações. 'São quinze minutos'. Obrigado. 'O passeio é todo em pedra, muito bom'. Sim, obrigado. 'Se precisar de uns sapatos novos eu tenho ali uns muito fofinhos...'. Sim, obrigado, deixe estar. Chego finalmente ao sítio dos cinemas. Em próximos posts, o filme de Zach Braff, o complexo que as pessoas têm sobre utilidades que se podem dar ao chão e mais coisas giras que se podem fazer com a nossa vida. Só uma coisa: alguém comentou neste blog sem eu ter apontado facas a ninguém. É mesmo verdade, podem ver mais abaixo. Isso é estranho. Quem é que estava a ler isto às duas da tarde? É preciso esclarecer isso. Eu só admito pessoas anónimas se souber quem são.
RC
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