ESTA SEMANA Aconteceu de tudo. O ZR trouxe uma menina que sabe em que rua é que se deve virar e quatro pessoas carregaram num botão para me ouvirem. E no dia seguinte foram cinco. E eu descobri o que é que separa o povo (nós) de vocês, a gente da montanha. O povo só tem escadas fora de casa, ao contrário da burguesia que tem escadas dentro de casa e tira fotos de costas para elas só para dizer que tem um telemóvel com máquina fotográfica. Oh pá, oh pá... e o Zé é controlado por mulheres que falam quando ele tem o telémóvel desligado e lhe dizem em que rua virar. Mas para dizer 'oh pá' temos de estar lá no alto e continuar a crescer, e o Nelson tem muito jeito para enrolar cabos e eu podia fazer aqui um momento de humor físico muito giro mas não vou fazer porque tenho muita classe. E quando são cinco da manhã e eu ainda não dormi nada, ponho-me a dar toques às pessoas que incendeiam a própria garagem só para aparecerem na televisão. E mais uma vez preparo-me para passar de uma desilusão para outra. Espero que não. Porque afinal há gente da montanha que pode vir de longe e em dois meses andar mais do que qualquer outro e os fins-de-semana são na montanha e as férias também. E por cá pomos obsessões aos berros e os vidros abertos e já ninguém reage porque tu com isto em Ermesinde és o maior. E eu de caderno no meio do teatro e isso só pode ser prestígio e já ninguém olha para mim de lado porque o próprio mundo já se cansou de mim. Está ali um senhor de idade a arranjar o cabelo mas não parece mal porque foi o senhor realizador que lhe disse para fazer isso e depois deu-lhe o recibo verde para a mão e mandou-o ir para casa. E o rapaz da montanha vai comer a comida da tropa e o fim-de-semana vai ser mais longo por causa disso. Mas ele sorri em forma de pixels e está aqui perto por causa disso. Sobe o pano e isso é, definitivamente, prestígio.
RC
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