GERVÁSIO Sento-me na esplanada e vejo a minha vida a passar, quase dia dois e quase dois anos a passar com gente que chega
- Olá o meu nome é d
- Olá o meu nome é j
e se vai embora
- Adeus o meu nome continua a ser d
- Adeus o meu nome continua a ser j
pessoas que são mais do que dá para ser, maiores do que qualquer outra cabeça ou então assim só dentro da minha
e eu, vodka importado e jói de limão, não olho para lado nenhum senão para dentro e vejo-os a passar sem tempo para um copo sequer
à minha mesa querem falar comigo
- Hei estás aí?
- Hei estás aí?
e eu nem sei se sim ou se não, a folhagem de serralves a pingar sombras com sabor a chá de tília e eu sem ver nada disso
- Hei!
até que chega. não cabem argumentos pelo meio dos copos vazios, não cabe o espaço para querer, tudo é terrivelmente simples, ou queres isto ou queres aquilo
- A vida
(- Hei!)
- é bidimensional é plana é afinal muito simples por isso escolhe
barmen alimentados a sobras de copos quase vazios cospem mais um e circulam por ali, as mesas e os meses que passam enquanto estou sentado a olhar
- Mas... d
- Mas... j
e acabou
- Acabou
(- Hei!)
- Tu é que escolheste.
há alguém que passa pela vida a espalhar pontos finais., e se fosse tudo assim
tão simples
saberíamos todos separar o lixo como o macaco do anúncio.
E eu só vou dizer adeus
- Adeus
no dia em que me atirar duma ponte.
RC
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